Muito se fala sobre prevenção ao COVID-19, o corona vírus, mas é importante conhecer a perspectiva de deficientes visuais e cegos nessa situação, já que dependem do tato para se situar em um ambiente
A forma de prevenir contágio é igual para todos, lavar as mãos, higienizar o ambiente, não esfregar o rosto. No entanto, a cautela é maior para deficientes visuais, que usam as mãos para se localizar em um ambiente e saber onde objetos estão posicionados.
Antes da quarentena iniciar, o escritor, André Werkhausen, seguia com sua rotina e foi resolver assuntos pessoais em outra cidade. Como deficiente visual, André precisa da ajuda das pessoas para atravessar a rua, por exemplo, e ser direcionado a locais. Com a pandemia acontecendo, a distância é necessária para que o vírus não se espalhe, mas nesses momentos de crise, a solidariedade não pode ser esquecida ou deixada de lado.
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“Eu estou em casa agora, tentando seguir o mais próximo da minha rotina possível. Pela manhã eu trabalho home office, nos projetos do meu livro”. Comenta Werkhausen, de 27 anos. “Antes, eu ia na academia à tarde, fazia meu tratamento médico. Agora essas coisas tiveram que ser remanejadas”.
Estima-se que 3,6% dos brasileiros tenham algum tipo de deficiência visual, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PSA). No caso, de André, ela foi causada por uma doença autoimune, o que o coloca no grupo de risco do COVID-19, e pede pelo dobro de atenção e cuidado.
Segundo o médico pediatra e nutrólogo, Nataniel Viuniski, com 36 anos de profissão, em si o corona vírus não é perigoso quando se está fora do quadro de risco. Algumas pessoas, com bom condicionamento físico, o vírus pode gerar cansaço ou uma leve dor de cabeça.
“Em saúde pública, é um grande problema no ponto de vista o sistema de saúde de grandes países como Espanha e Itália, não conseguem absorver esses casos”. Explica Viuniski. “A grande arma contra o COVID-19 é o isolamento social, para não afetar pessoas em quadro de risco e dificuldade de locomoção”.
O médico conta que para cegos, como usam as mãos para se localizar, é difícil ficar a dois metros de distância de uma superfície. Por isso, medidas além da higiene precisam ser tomadas.
“Eu sempre digo, a precaução tem que ser de dentro para fora, e de fora para dentro”. Comenta Viuniski. “Questões como o estresse, o medo e o pânico são os principais agravos para o nosso sistema imunológico. O sono, faz diferença, além de uma boa alimentação. Muita gente não sabe, mas 80% do sistema imunológico é localizado no intestino, então o consumo de alimentos e nutrientes para uma boa digestão são mais que necessários.”
Viuniski menciona que mesmo em casa, é necessário ter uma rotina, fazer exercícios e cuidar com excesso de alimentos gordurosos. Além da alimentação saudável, é importante beber água, sucos naturais e comer frutas com polpa.
“O corona é um inimigo que a gente não enxerga”. Destaca Viuniski. “Hoje, em março, estamos melhor situados do que quando tudo começou. Já estão testando medicamentos que são eficazes. E é esperado que em um ano e meio, já exista uma vacina”.
Autor:
Julio Ortolan